Piscando várias vezes, a mulher parada na esquina da quadra oposta paralisou espantada. Olhando para os lados, não encontrou mais ninguém por perto para que pudesse compartilhar o ocorrido. Por um impulso irracional, foi até o local a passos rápidos, porém cautelosos. Ainda era de dia e havia bastante carros passando na rua ao lado, se algo acontecesse alguém iria ajudar ela, com certeza! Com esse pensamento a motivando, ela chegou até onde pensou ter visto aquela forma curiosa.

Olhou para um lado, olhou pro outro, andou alguns metros a frente e ao redor, mas nada encontrou. Com um suspiro frustrado, ela desiste de sua busca, talvez tenha sido sonhadora demais em achar que algo tão fantasioso existisse. Ela vira as costas, pronta para ir embora, derrotada, mas uma figura bloqueando seu caminho a faz parar.

Uma criatura de quatro patas, um pouco maior que um homem adulto, com escamas refletindo um brilho amarelo e esverdeado, a olhava com seus olhos escuros e profundos. Ela paralisou, não de medo, mas de fascínio. Isso é real!? Parece um dragão sem asas, além de ter uma longa cauda que se assemelhava a de um axolote, seria esse um ser aquático? Como ninguém nunca o percebeu antes? Ou será que alguém o mantém aqui em segredo?  Sua mente se encheu em um turbilhão de perguntas, mas antes que pudesse falar ou fazer qualquer coisa, o animal se apressou a correr até as águas da barragem, fazendo um baixo tchibum ao pular nela. E, assim, desaparecendo completamente, como se nunca houvesse existido. Continuou procurando por alguns minutos, mas a mulher nunca mais conseguiu encontrá-lo, por mais raso e pequeno que o lago fosse. Um tanto estranho.

Ainda desnorteada com o encontro, ela volta para casa. Mas, de alguma forma, um sorriso genuíno estampava seu rosto por todo o caminho, aquela criatura poderia assustar qualquer outro que a encontrasse, mas não ela. De alguma forma, isso foi uma confirmação para ela de que coisas fantásticas podem coexistir com o nosso mundo moderno caótico, e isso lhe era bastante confortante.

Autoria: Bruna B. Campos