Ele já está adulto agora, tem um bom trabalho e um futuro brilhante, já não liga mais para mim, um velho.
O movimento começa a ficar maior, pessoas saindo dos prédios para o trabalho, outras entrando nas lojas por portas pequenas. Quantas pessoas será que essas pedras pretas e brancas já não viram, quantas histórias foram feitas em cima delas, e quantos velhos saudosistas já não sentaram nesses bancos.
Os ambulantes começam a montar as barracas, a partir de agora o movimento só cresce mais e mais, até ficar completamente cheio. Em algum momento esse movimento já me fez feliz, atualmente já não tenho certeza, acho que a essa altura da vida, prefiro ter menos pessoas à minha volta, porém pessoas realmente próximas a mim.
Agora o Sol está ficando bem quente, já posso tirar uma das blusas de lã que está começando a pinicar. Oh, o topo dos prédios estão escondidos na névoa, logo mais ela irá sumir.
As pessoas passam com pressa, outras parecem mais a passeio. Adultos, crianças, cachorros, todos seguem com suas vidas felizes.
Tem um homem vindo bem devagar, olhar fixo em mim, o que ele quer? Quem é ele? Ele está com uma calça e um colete que me parece muito familiar... Será ele?
Ele se senta ao meu lado, mas não olha diretamente para mim.
— Bom dia, senhor.
— Pensei que tivesse esquecido de mim, ou do caminho de casa.
— E o senhor parece que esqueceu de como se atende um telefone.
— Você sabe muito bem que não é bom com essas coisas. Belo colete, parece que foi dado por alguém que te amou muito.
— Na verdade não é meu, foi dado por uma pessoa que muito amou, para uma pessoa que também a amava, e ambos me amavam, e eu amo ambos.
— Isso são horas de chorar? Vamos recomponha se.
— É bom te ver de novo filho, muito bom.
Autoria: Gregório Matoso
Postar um comentário