Não teve tempo de pensar qual seria seu próximo passo, pois o destino iminente se encarregou de escolher por ele. Desciam da íngreme ladeira até o lago dois homens com capacetes de moto. Ao ver que os motoqueiros corriam na direção do corpo, ele deu meia volta e se escondeu atrás de um enorme eucalipto.
Ficou ali, como uma estátua, sem coragem de continuar a correr, mesmo que fosse apenas subir a ladeira de terra de volta à rua. O medo parecia prender suas pernas, como se fossem uma extensão da grande árvore.
Ouviu então os dois homens conversarem:
“Ali!” apontou um deles.
“Sorte sua que parece que ninguém viu. Vai, agiliza, me ajude a tirar ela d’água antes que apareça alguém”.
Suas pernas podiam não se mexer, mas seus olhos observavam tudo, e quando os motoqueiros retiraram o corpo do lago ele viu pequenos vermes brancos saindo de minúsculas e circulares fendas ao redor do pescoço, ao virarem o rosto do cadáver, as órbitas oculares estavam saltadas como bolas de cristal.
Por um momento pensou que fosse vomitar. Foi então que tudo piorou, metros à frente, sua amante descia a escada ao encontro de toda aquela bizarrice. Ele não teve tempo (ou coragem) de gritar, assim que um dos motoqueiros a viu, correu até ela e com um único golpe na cabeça a desmaiou.
O que ele fará agora?
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