Fui clonado

Desde que mamãe e papai partiram, tenho me sentido muito sozinho. Não há muitas programações para se fazer em datas em que, costumeiramente, as pessoas comemoram com a família. Sim, eu tenho alguns familiares distantes, mas sabemos que não é a mesma coisa. A sensação de solidez tem passado quando lembro do que me ocorreu. Estava visitando o lago e, enquanto o fazia, pude me observar. O universo pode ter me presenteado com alguma miragem ou, por mais absurdo que pareça, com uma pessoa. Diante das incertezas e questionamentos, procuro seguir com a rotina, com o que me sobrou dela. 

Sinto que a vida continua me reservando coisas inquietantes, episódios simples como a ida ao mercado, tornaram-se enigmáticos. No último final de semana, pude ter a certeza de que há outro de mim por aí. Após as compras no mercado, shopping e pequenas lojinhas que cercam a minha residência, acabei decidindo seguir o caminho menos prático para casa, porque gostaria de ver as vitrines de algumas lojas. Enquanto andava pelo longo calçadão central, fui surpreendido novamente com a minha insólita cópia. Desta vez, estava mais bem arrumado que eu, vestido socialmente, com belos sapatos que pareciam os meus novos que esperavam uma data especial, com um cabelo bagunçado e mais escuro. Quando o vi, soltei as sacolas e corri. Em vão. A figura desapareceu em um piscar de olhos. Eu parti? Novamente, continuei sozinho. Não sou digno de dialogar com aquele que insiste em ser meu clone?


Para onde pretende partir? (clique na opção desejada)





Postar um comentário

Copyright © Narrativas Londrinenses. Designed by OddThemes